Quando um primo, muito querido, foi preso, passei a visitá-lo na prisão. Ele não gostava, pedia para que eu não fosse porque ele achava uma humilhação a hora da revista, mas eu ia. O cheiro do presídio me deixava excitada. Eu sabia que o que eu sentia era o cheiro da sujeira, das drogas, da violência e da morte, mas eu adorava aquilo tudo. Na hora da revista íntima era quando eu mais gostava. Enquanto as mulheres se reprimiam ao ter que se despir, eu olhava para a agente penitenciária como se a desnudasse com os olhos. Ela era negra, alta, tinha cabelos crespos que estavam sempre presos pelo boné, seios fartos e empinados, carne dura e ela ficava suculenta naquele uniforme, eu a imaginava como uma égua na cama, com aquelas ancas empinadas e então eu ia levantando a minha saia bem devagar, sem tirar os olhos dos olhos dela só para ver o seu desejo pelas minhas coxas e ao mesmo tempo a sua vergonha por saber que eu a encarava e lia seus pensamentos, depois chegava bem perto dela e ficava de costas para tirar a blusa e sempre fingia estar enrolada com o soutien para ela ter que colocar aquelas mãos finas em minhas costas. Quando chegava no pátio do presídio, meu primo já estava à minha espera, para que eu não ficasse sozinha um só minuto, "no meio daqueles elementos" (ah como eu gostaria). Comecei a perceber um cara que nunca recebia visitas, ficava sempre só, encostado no muro, com uma das pernas flexionada, apoiada na parede, com o rosto para o alto, mas eu via que seus olhos não admiravam o céu e sim passeavam por todo o pátio como numa vigília constante. Ele era branco, alto, cabelos raspados, era magro, mas ao mesmo tempo possuía músculos que se retesavam cada vez que ele trocava a perna de apoio, seus olhos eram verdes e grandes, dava para perceber cada osso do seu maxilar proeminente. Perguntei para o meu primo se tinha contato com ele e ele disse que não, que aquele cara não gostava de bater papo com ninguém, apenas cumprimentava todo mundo e ninguém mexia com ele porque, segundo contavam, ele não tinha pena de matar com as próprias mãos. Hummm, era aquele quem eu queria.
continua...
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