quarta-feira, julho 28, 2004
Pois bem, ontem fui sair com um carinha que conseguiu meu telefone e está a uma semana me ligando, me convidando para um passeio. Bonitinho, gostosinho, educado, enfim, que mal haveria num passeio? Aceitei o convite e fui toda serelepe, mas eis que, no meio da conversa, o meu alerta vermelho começa a soar porque ele começou a me contar sobre uma viagem que ele fez para ir a uma festa de “boldas” de ouro. O alerta piscando em minha mente e eu me perguntando o que seria uma festa de “boldas” de ouro. Cheguei à conclusão que deve ser alguma festa para apresentação de algum tipo de boldo transgênico. Passado o susto, acabou rolando um clima e resolvi deixar um beijo acontecer. Por que? Por que? Por que eu fui fazer isso? O que foi aquilo? O beijo dele era alguma coisa, qualquer coisa, menos um beijo. Estou até agora tentando definir. Era uma mistura de respiração boca a boca com tentativa de homicídio. Ele tinha uma boca dura e uma língua que sumia e aparecia do nada e começava a me lamber o rosto todo, acho que ele sugou todo o meu creme hidratante do rosto. Blergut! Se eu pudesse teria saído correndo naquela hora, mas eu estava muito longe de casa. E enquanto eu pensava no que fazer para escapar daquela situação, reparei que ele estava levantando a camisa, então me pegou pelo pescoço levando minha cabeça na direção dos peitos dele. Pensei: Meu Deus! Ele está querendo que euzinha brinque com os mamilos dele ou cuspa nele? Nem morta! E me deu uma vontade louca de começar a gargalhar, sim porque foi ridícula a cena da levantadinha de camisa e, como que não entendendo as intenções dele e percebendo que eu não ia me segurar e começar a rir, abracei ele e dei um upa bem apertado. Para que fiz isso? Para que? Ele começou a dizer que eu era muito carinhosa e que estava adorando ficar comigo. Putaqueopariu! Que Deus a tenha! E lá veio ele me lambendo os ouvidos, deixando-os tão babados que tive que enxugá-los com o casaco. Aí veio a pergunta: Você está gostando de ficar comigo? Achei melhor fingir que não escutei, mas não teve jeito, ele perguntou de novo. Então eu disse que era o tipo de pergunta que eu nunca respondo. Foi o melhor que consegui dizer naquela hora. Comecei a pedir para irmos embora, até porque estávamos estacionados no meio da rua e eu não acho que, hoje em dia, seja o lugar mais seguro para se parar à noite. Eu, realmente, morro de medo de ficar na rua à noite, dentro de um carro. Então ele me pediu mais dez minutinhos, resolvi aceitar porque caso contrário, dez minutos seria o tempo que iríamos perder naquele impasse e, se já tinha agüentado dez minutos de tortura, mais dez minutos não faria diferença, mas fez. Ele abaixou o banco do carro e pulou em cima de mim numa velocidade fantasmagórica, até aí tudo bem, mas acontece que eu estou com uma porra de um pentelho encravado e ele resolveu roçar a piroca dele, exatamente em cima do meu pentelho inflamadinho. Então eu deslizava o quadril para a direita para aliviar a dor e lá vinha ele, eu deslizava para a esquerda e lá vinha ele para a esquerda também, até que pensei: “Sua babaca, ele deve estar pensando que você está gostando tanto que está até rebolando de um lado para o outro” e comecei a tentar tirá-lo de cima de mim, mas quanto mais eu o empurrava mais ele enfiava aquela língua babada e dura na minha garganta. Aí, não deu mais para agüentar, comecei a me sentir muito mal, como se estivesse sendo agarrada à força mesmo e dei um empurrão tão forte que ele foi parar no banco dele. Disse-lhe que estava me sentindo sufocada por causa da minha asma e que precisava ir para casa, usar meu remedinho. Claro, porque imagina se eu falo a verdade e o cara resolve me largar lá mesmo. Tem maluco para tudo. Estava eu já aliviada de estar indo para casa, quando percebo que ele está diminuindo a velocidade do carro até chegar aos 40km/h, para poder dirigir abraçadinho comigo e me dando beijinhos, ele não é uma graça? E anormal também? Ainda me perguntou quando nos veríamos de novo, respondi que qualquer dia marcaremos alguma coisa e ele retrucou dizendo, acho que você não gostou e eu lhe disse: “Não vamos entrar em detalhes”. Entrei em casa dando boas gargalhadas e pensando: Se essas coisas acontecem com as melhores pessoas, por que não aconteceria comigo?!?
Aprendam a beijar, de verdade, porque o beijo é tão poderoso que ele constrói e desconstrói; acarinha e trai; eleva a alma e mata.