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quinta-feira, agosto 12, 2004
Saindo da boate com mais três amigos, fomos para o estacionamento buscar o carro. Entre a boate e o estacionamento, existem dois bares. Ao passarmos pelo primeiro, com mesas na calçada, vi uma mulher me olhando. Era uma mulher muito bonita, sentada com um porte de princesa, coluna ereta, seios empinados, cabelos loiros, curtos, que se fechavam na nuca, valorizando seu pescoço e seu colo. Mas, seu olhar era lascivo. Virei para frente, mas não resisti e olhei de novo. Agora, além do olhar lascivo, vi aparecer em seu rosto um sorriso debochado. Me irritei mesmo com aquilo e disse para os meus amigos que tinha ficado puta com aquela mulher me olhando com aquela cara de “puta com salto”. Um dos meus amigos então pergunta: Que mulher, doida? Mostrei a loira para ele e ele disse: Está maluca? Aquilo ali é um travesti. Ao ouvir esta palavra, veio um rosto em minha mente: Alex. Parei e me virei, ela sorriu, se levantou e veio em minha direção, caminhando charmosamente e perguntando: Não está me reconhecendo? Era ele mesmo, o Alex. Agora sim o reconhecia. Começamos a conversar, ela disse que há algum tempo tinha tomado coragem para se travestir, que gostava de ser chamada por Alexia, que era uma cabeleireira famosa e que voltou a morar com a mãe, agora muito doente. Trocamos telefone e ela ficou de me ligar.

Fui para casa lembrando da época em que estudei com o Alex. Sempre gostei muito dele, conversávamos muito, era um grande amigo. Ele sempre fora feminino, gostava de dançar e de fazer roupas para as suas bonecas, até o dia em que seu pai descobriu, queimou todas as bonecas e ainda lhe deu uma surra, como se surra fizesse alguém ir contra a sua própria natureza. Lembro que neste dia da surra, Alex foi à minha casa, triste, chorando, mas tentando entender o que o seu pai sentia com aquilo tudo. Deixei que ele desabafasse tudo o que sentia e não falei nada, senti que ele só queria ser ouvido, então o abracei e assim ficamos, até ele cansar de falar e de chorar. Quando, finalmente, parou de chorar, ele me abraçou mais forte e começou a beijar meu pescoço, beijou minha bochecha, procurou minha boca e quando a encontrou eu recebi um dos melhores beijos da minha vida. Era um beijo cheio de calor, cheio de vontade, cheio de língua, mas eu sabia que era, também, um beijo confuso.
Segurei-o pelo rosto, olhei-o nos olhos e disse-lhe para não ir contra a sua natureza só para agradar os convencionalistas, fossem eles quem fosse, até mesmo os nossos pais.
Ele disse-me que eu tinha razão, que ele iria sair de casa para viver a sua vida, que ele saberia muito bem qual era o seu projeto e que estaria disposto a tudo para seguí-lo, mas que, naquele momento, ele queria me beijar de novo, então cedi ao seu beijo e aproveitei tudo o que continha naquele momento.
Depois disso, realmente, eu nunca mais o vira, até esta madrugada, quando o reencontrei na sua versão, eu diria não afeminada, mas sim, feminina.

No fim de semana seguinte, Alexia me ligou, combinamos de sair juntas. Era impressionante o fascínio que ela causava nos homens e os olhares de inveja que recebia das mulheres. Também, não era para menos, ela estava vestida com um longo vestido rosa que marcava todas as suas curvas e entrava em um acordo com a sua pele clara e um salto que a deixava mais exuberante do que já era. Chegamos na boate e fomos para a pista dançar e iniciamos uma dança gostosa, lenta, ritmada e envolvente. Uma gota do seu suor caiu em minha boca, era doce, o que combinava com a personalidade dela. Até ao olhar para os lados ela o fazia calmamente, como numa câmera lenta, tirando proveito de tudo o que estava ao alcance dos seus olhos.

Saímos da boate, por volta das três horas da manhã e fomos para a esquina pegar um táxi, quando passou um carro da polícia. Eu que a-do-ro homens fardados olhava um por um, com um sorriso faceiro no rosto, quando Alexia me deu um beliscão.
- Menina, tá louca? Mulher em uma esquina da zona sul à essa hora, eles acham que é garota de programa. Quer arrumar problema?
Nem bem ela terminou de falar, os policiais já tinham descido do carro e vindo em nossa direção.
- E aí, suas putas, não têm vergonha na cara não? Estão olhando o que? Acham que iremos fazer programa com vocês?
- Não, cara, não é nada disso. – disse-lhes eu.
Alexia, então pediu-me para calar a boca porque, com certeza, iríamos ter um problema pela frente.
- Ficaram nos olhando por quê? Querem uma aventurazinha? Virem-se e encostem ali na parede. - Disse o guarda, apontando para a parede próxima. – Suas vagabundas!
- Calma lá, disse eu, não somos vagabundas.
- Não, vagabunda é a minha mãezinha que não fica em esquina numa hora dessa.
- Cale-se, por favor, já lhe pedi. - Disse-me Alexia que já estava suando e falando com a boca cerrada de tão puta que estava comigo, percebi então que, realmente, eu tinha arrumado uma encrenca.
- Encostem e abram as pernas.
- Vocês vão nos revistar? Vocês são homens, não podem nos tocar?
Eu estava revoltada com aquilo tudo, estava realmente furiosa, quando o guarda que revistava Alexia disse:
- Hahaha, pelo visto, a sua amiga aqui neste longo vestido, também é homem. Deve ser por isso que estão tão nervosas, estamos descobrindo seus segredos. Agora, deixe-me ver você, quero ver o que você também esconde entre as pernas.
Eu gelei, percebi que era hora de calar a minha boca e rezar para eles nos liberarem logo. Olhei para o vazio da parede, enquanto aquele homem subia a mão pelas minhas pernas e se dirigia diretamente para o meio delas. Quando achei que ele iria me agarrar por ali, suas mãos saltaram e se agarraram em meus seios.

- Hummm, está esquentando, por enquanto ela ainda é uma mulher. Venha ver só.

E chamou o outro policial para me tocar também. Ele se posicionou de costas para a rua, de maneira que, se passasse alguém, não conseguiria ver o que eles, realmente, estavam fazendo conosco. Cada um tocava em um dos meus seios ao mesmo tempo, beliscando meus bicos e apertando em suas mãos. Então, o que tinha começado a me revistar, começou à baixar as mãos novamente e levou-as a minha xota, ao tocá-la, senti que ele estremeceu para logo em seguida sussurar em meu ouvido: Então você não é homem? hummm, muito bom isso: uma mulher, dois homens e um traveco.

Alexia começou a chorar e a pedir para que eles nos deixassem ir.

- Vocês querem mesmo ir embora ?
- Por favor, nós não estávamos fazendo programa, estávamos aguardando um táxi. Choramingou Alexia.
- Estavam aguardando um táxi... Venham, nós vamos levar vocês para casa.
E nos puxaram até a viatura, nos colocando no banco de trás.

continua...

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u Fogosa Para os Íntimos

- 30 anos
- 21 de janeiro de 1975
- aquariana do 1º decanato (nem eu me aguento)
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- A Casa dos Budas Ditosos
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- O Morro dos Ventos Uivantes
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- Ser feliz é obrigação e não falo só de mim.

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